A disputa do maior sindicato da América Latina – Apeoesp – sempre tem momentos de profunda reflexão política, sindical e filosófica.
Embora vitoriosa no Estado de São Paulo com 62,36% dos votos válidos para o triênio 2011-2014, a articulação sindical amarga uma derrota regional em SBC onde os mesmos devem tirar uma lição sindical, assim como a categoria que eles representam e os sindicatos apoiadores dessa política.
A estadualização da disputa em nossa cidade contou com o manifesto apoio dos presidentes dos sindicatos dos Metalúrgicos do abc, Sergio Nobre, Cidinha Ferreira, das Costureiras, Valdir Tadeu, da Saúde Privada, Ketu dos Servidores Municipais de SBC, Maria Izabel da APEOESP Estadual, Rita Serrano dos Bancários, Adi dos Santos lima, presidente da CUT Estadual além de manifestos subscritos pelos sindicatos dos Químicos do abc, dos Gráficos, dos Rodoviários, dos Vigilantes, da Construção Civil de Santo André, e da Construção Civil de SCS.
O Comando logístico na saída das urnas no período da manhã contou com a presença e intervenção direta do Presidente do PT de Sbcampo, Wanderley Salatiel, “representando” certamente o partido, a administração a bancada de vereadores e os agregados políticos na cidade.
Esses agentes políticos sentem-se incomodados com essa Subsede, uma vez que a mesma continua sendo um espaço democrático e um bom exemplo sindical de liberdade, transparência, pluralidade e respeito aos associados, além de ser um campo invejável de ação e educação política dos educadores no Estado de São Paulo.
Ela ainda representa um grande empecilho a política de municipalização do ensino do Prefeito Luiz Marinho do PT e seus aliados na cidade, além de fazer o contra ponto político sindical e cultural verdadeiramente democrático, diferentemente das manobras sindicais cutistas que para se perpetuarem no poder, muitas vezes se locupletando com as benesses do poder que não lhes pertence, utilizam métodos estranhos aos interesses da classe trabalhadora além de partidarizarem a atuação sindical nas mais variadas esferas de poder.
Além do apoio estrutural, no dia das eleições, um exército de pessoas tentaram de todas as formas pressionar e intimidar a nossa categoria, certamente para inviabilizar o pleno êxito do processo eleitoral.
A chapa liderada pelo Psol, mesmo diante desse aparato da CUT e do PT, não se intimidou e derrotou todos no voto de forma transparente, consciente e altaneira. Além de enfrentar o PT e a CUT, ainda derrotamos a política equivocada dos militantes do PSTU, vinculados ao MTS que num vôo rasante foram eleitos na gestão passada demonstrando amadorismo no trato dos interesses coletivos, colidindo historicamente com os avanços da nossa classe. Dos 23 conselheiros regionais elegemos 16 e, um bom número de suplentes.
Esse resultado é uma demonstração de que a categoria não se intimida com pessoas estranhas e acostumadas a confiscar o poder legítimo dos trabalhadores, utilizando para isso vários meios para se atingir os “fins desejados”. Diferentemente de outras categorias que são conduzidas monoliticamente sempre pelos mesmos, os educadores dizem a que vieram e ao que poderão fazer do ponto de vista sindical e político na cidade.
A política da estadualização da campanha em SBC, será objeto de profunda reflexão para o conjunto da chapa 1 estadual, bem como para seus representantes no município, pois a idéia de força e de grana não suplantaram a força das idéias e da consciência militante dos educadores.
A chapa oposição pra valer, capitaneada pela corrente política Trabalhadores na Luta Socialista (TLS) saiu fortalecida desse processo, pois além de derrotar eleitoralmente a chapa continuista na cidade, derrotou concomitantemente as grandes máquinas sindicais, demonstrando que a articulação sindical não é invencível e que o jogo do vale tudo não é ilimitado.
Diante dessa vitória inequívoca, convocamos os professores para uma gestão participativa e amplamente democrática onde tudo deve ser discutido e questionado, inclusive o papel de uma central sindical que recebe fortunas da APEOESP, e numa disputa Estadual e local, se insurge contra os professores contribuintes, partidarizando o debate e o apoio e desrespeitando a lisura da disputa sindical, patrocinando e carreando recursos para alguns sócios em detrimento de outros milhares de trabalhadores no Estado de São Paulo.
Nesses tempos de radicalização da democracia operária, se faz necessário que as Subsedes pautem esse debate nos foros da entidade regional e estadual realizando debates sindicais, bem como plebiscitos em torno de pelo menos duas questões:
1- É correto você se filiar a uma central que longe de lutar em seu favor arregimenta força contra os próprios filiados?
2- Devemos continuar filiados a Central Única dos Trabalhadores, cujo retorno e benefício educacional é praticamente inexistente?
Esse plebiscito deve ser realizado inicialmente pelas regiões e paulatinamente avançar em busca de novas possibilidades sindicais verdadeiramente comprometidas com os reais anseios de luta da classe trabalhadora.
Devemos, portanto refletir sobre o papel desenvolvido pelas centrais pelegas e patronais, o papel dos partidos políticos que “tentam domesticar” esses aparelhos, comprometendo contudo o potencial revolucionário do poder popular, sindical e estudantil, que devem libertar-se do Estado opressor e falacioso dirigido pelo PT e seus agregados, em nível federal e ramificado em dezenas de lugares por esse imenso país.
O título desse artigo pode expressar de certa forma um relativo ufanismo, porém segundo o poeta Vinicius de Moraes “Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo.”
Questionar é preciso!!!
Aldo Santos, ex vereador em SBC, Sindicalista, Professor de Filosofia no Estado de São Paulo, Presidente da Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo e Membro do Coletivo Nacional de Filosofia, Membro da Executiva Nacional do Psol.
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