segunda-feira, 7 de setembro de 2009

JARDIM FALÇÃO: INJUSTIÇA SEM LIMITE

Numa rápida pesquisa, encontramos uma reportagem publicada sobre o Jardim Falcão onde a mesma retrata e revela os atores e o cenário da maior tragédia patrocinada pelos órgãos públicos contra moradores que compraram e pagaram seus terrenos e tiveram suas casas derrubadas.

Vamos transcrever parte da reportagem pois a mesma procurou ser fiel a parte dos acontecimentos daquele empreendimento que deveria ser uma Grande Vila para o orgulho de nossa cidade, em convivência e harmonia com a nova legislação recentemente aprovada pela assembléia legislativa do Estado de São Paulo.
Numa ação violenta e desumana, em 22 de julho 1998 em plena gestão do Prefeito Mauricio Soares, a Tropa de choque da Policia Militar derrubou a casa de 530 famílias no jardim Falcão conforme dados da reportagem em tela.

“Abalizado por uma decisão judicial de que o bairro estaria causando danos ecológicos nas proximidades da represa Billings, derrubou a residência de 530 famílias sem aviso prévio. A ação durou praticamente o dia todo, houve enfrentamento com a população e o envolvimento da Tropa de Choque da Polícia Militar.
"Eu ainda trabalho em frente ao local onde ficava a minha casa. Todo dia que eu olho para lá, revejo as cenas da nossa expulsão. Foi tudo muito violento, e desde então teve gente que morreu de desgosto, que se suicidou, casamentos que terminaram. Sem falar sobre o pessoal que ainda vive de favor, porque tinha investido tudo lá, ou se mudou para barracos em condições terríveis", conta Sônia Maria Varga, líder comunitária dos ex-moradores do Falcão.

Até hoje, moradores acreditam que a demolição das casas do bairro tenha sido motivada por perseguição política contra o Jardim Falcão, que não tinha alinhamento com as lideranças políticas prediletas de Maurício Soares. "Só pode ter sido isso, afinal, mais de 90 mil pessoas vivem às margens da represa Billings, e nenhuma delas sofreu uma ação tão violenta", avalia o advogado dos ex-moradores, Humberto Rocha.
O advogado encabeça o movimento dos remanescentes do Jardim Falcão na luta por indenização pela violência do desalojamento. "Fica óbvio que não havia intenção de defender o meio-ambiente, caso contrário o local não teria virado um depósito de lixo", afirma Rocha. Destroços das casas do Jardim Falcão que nunca foram recolhidos pela Prefeitura ainda podem ser encontrados no bairro”. (jornal abcdmaior, de 10/12/2007)

As reflexões acima tem sentido, uma vez que a região do grande Alvarenga esta densamente povoada e aquele povo (moradores do Falcão) não deveria servir de exemplo ou bode expiatório do descaso do poder público e da ausência de políticas habitacional por parte do executivo municipal.
Acompanhei na ocasião toda a luta da desocupação do jardim falcão. Juntamente com Wagner LINO e outros vereadores, fomos a quase todas as esferas de poder no sentido de impedir que aquela tragédia se realizasse, mas, os esforços foram em vão, pois diante a ação da promotora Rosângela, com a omissão do prefeito Mauricio Soares e do governo do Estado, assistimos e reagimos concomitantemente a uma das grande tragédias sociais que ocorreu num dos municípios mais rico do Brasil.
Os dias que antecederam a desocupação foram marcados por profunda angústia e tensionamentos por parte das autoridades sobre os moradores, que investiram suas parcas reservas na construção de suas casas e as máquinas “monitoradas” derrubaram tudo sem o menor sentimento para com o sofrimento da população pobre do nosso município.

Na noite do dia 21, ficamos em vigília , acordados e pensando como organizar a resistência quando a tropa de choque chegasse.Os moradores rezavam, oravam, esbravejavam, acendiam fogueiras, e outros iam até suas casas, sentavam, tomavam café e lamentavam, como num ritual de despedida final.

Parte significativa dos moradores resistiram juntamente com a bancada de vereadores do (PT), todavia, uma pequena parcela ficou um pouco distante dos embates que ocorreram durante o dia inteiro numa verdadeira praça de guerra que se instalou na região. Pertences destruídos, suor, lágrima, sangue e terror. Esse foi o cenário da tragédia anunciada e decretada, pela ação judicial promovida pele promotora, e cumprida pela polícia do Estado, com o beneplácito do prefeito Mauricio Soares.

Na verdade, o prefeito Mauricio Soares já em 1989, tentou de todas as formas desalojar e reintegrar os moradores do riacho grande que movidos por forte tempestade ocuparam uma área no kilómetro 27 da via Anchieta , que posteriormente foi denominada pelos moradores de Vila LULALDO. Essa luta teve muita união e organização por parte dos moradores e até hoje estão morando muito bem obrigado.

O preço dessa luta por exemplo, custou o cargo do subprefeito do Riacho grande (companheiro Chicão) que foi eleito democraticamente pela população do distrito e ao apoiar essa ocupação foi demitido por Mauricio/Djalma bom do PT.

Vários anos se passaram e até hoje os moradores e proprietários do jardim Falcão continuam na rua da amargura, vez que na época das eleições o canto das sereias provocam encantamentos e anestesiam povos e povos, que só acordam depois de meses que as eleições passaram, pois parecem que estão “deitado eternamente nesse berço esplêndido” e os politiqueiros prometem mundos e fundos antes das eleições e depois o povo não ficam no mundo e sim no submundo que eles encurralam a sociedade.

Contraditoriamente, hoje todos convivem no interior do PT: Mauricio Soares, Marinho, Aguiar, contando até com o presidente da república que poderia resolver inúmeros problemas e até hoje não foram efetivamente resolvidos quase nada.

Todos os dias e particularmente no dia 22 de julho, sou solidário aos moradores do jardim Falcão e externo mais uma vez nossa solidariedade partidária (Psol), para com o povo pobre do nosso município. Na ocasião da tragédia tentamos criar até o movimento 22 de julho para manter viva essa inesquecível data.
Participei de várias assembléias e reuniões juntamente com os moradores do Falcão e sempre disse que a condição para a solução efetiva dessa área era a união , organização e politização do movimento, que independentemente de períodos eleitorais deveriam fazer sempre manifestações rumo a retomada de um direito que foi usurpado para reconstruir as moradias derrubadas.

A Divisão de qualquer movimento sempre é o caminho curto e definitivo para a derrota de toda ação da classe trabalhadora. Reafirmamos nossas idéias que defendíamos, principalmente agora que foi eleito um prefeito que “se espera maior sensibilidade política” na resolutividade dos problemas sociais , muito embora, até o momento tenha se demonstrado bastante limitado nas ações político/administrativas rumo a mudança da vida da classe trabalhadora e dos munícipes.
Recentemente, estive numa assembléia com os acorrentados do MTST em frente a casa do Presidente LULA na avenida Prestes Maia no Centro de sbcampo, e o movimento saiu parcialmente vitorioso. Está na hora dos demais movimentos se encorajarem, indo a luta para definir processos que mais do que jurídicos, são de natureza política?
Mais um ano se passou, a sensação da solução parece ficar mais distante, mais, a renovação e retomada da luta sempre está presente nas grandes mudanças de vida dos lutadores do mundo inteiro.
"Contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres. Não se deixar cooptar, não se deixar esmagar. Lutar Sempre!" ( Florestan Fernandes ).


Lutar, mudar e revolucionar é preciso!!!

* Aldo Santos é ex-vereador e sindicalista, membro do Diretório Nacional e presidente do P-Sol de São Bernardo

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